Não é preciso nascer na Idade Média para gostar de Cavaleiros Templários. Nem mesmo é necessário nascer no Japão para comer sushi e se aventurar na habilidade de usar hashis.
Por isso, mesmo não sendo dos pampas gaúchos, gosto muito de toda a tradição deste povo que habita o extremo sul do país. E não se engane quando alguém classifica como gaúcho, qualquer pessoa abaixo do Paraná. Talvez um dos estados com a cultura mais bonita de nosso país seja de fato o Rio Grande do Sul.
E não se deixe enganar pelas brincadeiras que fazem com a masculinidade do gaúcho, pois se trata de um povo de coragem única. Foi em 1732 que chegou aos pampas gaúchos o primeiro tropeiro da história, o padre Cristóbal, oriundo da Argentina.
E durante 250 anos foi tarefa dos tropeiros o transporte de tudo que era comercializado no Brasil. Viajam semanas seguidas guiando tropas de gado e levando mercadorias. Por este motivo existe uma grande semelhança da tradição gaúcha com a tradição Argentina, a mais fácil de identificar é sem dúvida o chimarrão.
É um povo inteligente e repleto de cultura. Na época ainda do Brasil colônia, foi inaugurado na Argentina, a primeira universidade dos padres Jesuitas. Até hoje esta preocupação com o conhecimento é um forte traço na cultura gaúcha e argentina. Porto Alegre é hoje um centro cultural, onde existe quase um mundo paralelo ao restante do país, de manifestações artísticas, teatro, música, artes plásticas, poesia e literatura.
A música tradicionalista gaúcha é certamente uma das mais bonitas do país. São quase que pequenas histórias cantadas. Existe inclusive a tradição dos contos, poesias declamadas com um leve cantar.
Resolvi fazer um chimarrão e ouvir a bela música “Origens – Neto Fagundes”, que é tema do premiadíssimo programa de TV “Galpão Criolo”, transmitido pela afiliada da Rede Globo, RBS TV para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esta música resume o espírito da tradição gauchesca.
Ps.: Se alguém pedir eu disponibilizo o MP3 para download da música.
Origens
Neto Fagundes
Campeando um rastro de glória
venho sovado de pealo
erguendo a poeira da história
nas patas do meu cavalo
o índio, que vive em mim
bate um tambor
no meu peito
o negro, também assim
tempera e adoça
o meu jeito
com laço e com boleadera
com garrucha e com facão
desenhei pátria e fronteira
pago, querência e nação.
Eu sei que não vou morrer
porque de mim vai ficar
o mundo que eu construí
o meu Rio Grande, o meu lar
campeando as próprias origens
qualquer guri vai achar
campeando as próprias origens
qualquer guri vai achar.
Deixe um comentário