Lembro do dia em que fui ao meu primeiro show de rock (sozinho aliás). Acho que era 1998, primeiro ano do segundo grau. Morava em Pomerode e estudava e trabalhava em Blumenau (SC). Com 16 anos eu já sabia o que queria ‘ser quando crescer’. Enquanto grande parte da gurizada passava longe da idéia do primeiro emprego, eu trabalhava em uma agência de propaganda. Incrivelmente continuo fazendo isso até hoje, 13 anos depois.
O ingresso do show dava direito a um cd, acredite. Ainda tenho ele até hoje, ‘Paz e Amor’, com carimbo de ‘Promocional Invendável’, ta aí a prova:
Comprei o cd no Shopping Neumarkt, em frente ao Teatro Carlos Gomes, local do show. Meu interesse era maior na compra do cd, do que realmente aparecer no dia do show, afinal era dia de semana e contar ao meu pai que eu faltaria na aula para ir a um show era impensável. No dia eu arrumei a bolsa do colégio e fui, com o ingresso na bolsa, tentando tomar coragem no caminho, fazer algo escondido dos meus pais invariavelmente acabava em uma grande cagada.
Desci um terminal antes do habitual, em frente ao Teatro e pensei: “Agora eu vou”. Cheguei no teatro cedo, afinal eu deveria estar no colégio. Não conhecia a fisionomia de todos os integrantes da banda. Então, sozinho, sentado nas escadarias do teatro, passa alguém por mim e pergunta: ‘Veio assistir o show?’
Meio desconfiado eu respondi que sim.
Ele foi embora e eu fiquei pensando: ‘Conheço ele de algum lugar’. Peguei o encarte do cd (que carreguei na esperança de um autógrafo) e lá estava ele, o mesmo cara que há pouco tempo havia conversado comigo. Se tratava de ‘Veco Marques’. Quando ele voltou, perguntei, fingindo que havia lhe reconhecido:
‘Veco, você consegue um autógrafo da banda?’
Ele perguntou meu nome e disse:
‘Quando o show acabar, venha no camarim conversar com a gente.’
O show começou tímido, todos sentados, sem saberem muito como agir. Então uma garota sozinha, se levanta, vai até o centro do palco e começa a dançar. Bastou para todos tomarem coragem, levantarem e fazerem o que realmente queriam, se divertir. Foi um show incrível, no fim, consegui entrar no camarim, peguei o autógrafo de todos, sem muita tietagem, para não parecer um fã chato. Indo embora eu ouço:
‘Jeeeeeff’…
Me viro e o Veco diz:
‘Obrigado por ter vindo…’
Foi muito bacana saber que ele ainda lembrava do meu nome, desde aquele breve momento de conversa, antes do show. Acabado o show, sem horários de ônibus para voltar para minha cidade, encontrei um colega que, por obra do destino, estava esperando uma carona para voltar para casa. Foi uma grande aventura para um garoto tímido, de 16 anos, comprando um ingresso escondido, para ir no show escondido e a dificuldade de voltar para casa, sem qualquer garantia encontrar uma solução que meus pais poderiam engolir. Meu plano era dizer que perdi o ônibus. Por sorte, apenas disse que ele ‘atrasou um pouco’.
Agora, 12 anos após este show, o Nenhum de Nós lança um cd acústico, gravado no Theatro São Pedro, que leva o mesmo nome do cd original de 1998, Paz e Amor.
Boas lembranças…
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