Leaves

Já começou o anoitecer.
O vento, forte e gélido,
tira aos poucos, as últimas folhas,
que insistiam em não cair.
Mas nada é tão frio agora,
quanto meu coração.
Minhas expectativas,
foram todas consumidas,
ao longo de anos de infelicidade.
Os breves momentos felizes,
não são capazes de manter viva,
a esperança em um futuro,
mais interessante.
Me apego a pequenas fagulhas
de sentimento, distribuidas em
doses pequenas,
imperceptíves.
Toda e qualquer tentativa,
de transcrever,
a falta de bons sentimentos,
não vão esconder ou
me afastar da triste realidade,
que eu mesmo construi,
com precisão cirurgica.
Fui incapaz,
de tomar uma atitude melhor.
Mal consigo mensurar,
o tamanho da minha fraqueza,
mas sei, o tamanho exato,
da vergonha que sinto de mim.
Num arremedo de sentimentos frívolos,
me sinto sufocado,
pela minha completa estagnação,
diante da derrota eminente.
Eu que sempre me senti forte,
agora, me sinto completamente
vulnerável ao julgamento alheio.
Queria ter a capacidade de refazer tudo,
tão diferente do que fiz,
mas não consigo acreditar,
mesmo se pudesse voltar o tempo,
que seria capaz de fazer algo melhor.
Talvez eu seja isso mesmo.
Alguém tão despresível,
que impeça, qualquer pessoa,
por mais solitária que esteja,
ver, em mim, uma possibilidade de felicidade.
Eu tenho muito desprezo,
por tudo que não tive capacidade de fazer,
pela ineficácia de dizer não.
Eu queria apenas fechar os olhos,
acordar em um lugar diferente, distante.
Queria não ser mais quem eu sou.
Por um breve instante…
…quem sabe para sempre.

J.R.Wills

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