Mistério do Planeta
(Novos Baianos. Acabou Chorare. Som Livre, 1972)
Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso,
Jogando meu corpo no mundo,
Andando por todos os cantos
(O eu lírico não apenas explora esse aspecto da imutabilidade do tempo, como também se embasa nas teoria da Relatividade de Einstein, em ‘andando por todos os cantos’, refere-se ao fato de que não podemos andar por todos os cantos sem que tal asserção seja puramente relativa, ou seja, em um universo paralelo onde seja possível sair andando pelo teto, sem que tal comportamento seja classificado como anormal).
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
(Descreve o princípio da ação e reação, embasada nos conceitos básicos da física Newtoniana)
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas,
(Aqui uma referência a astrofísica renascentista, quando se descobriu o mistério da rotação do planeta através da observação dos astros ‘aos olhos nus ou vestidos de lunetas’)
Passado, presente,
Participo sendo o mistério do planeta
(Aqui temos a referência aos parâmetros clássicos de não-linearidade temporal, presente nos pensamentos de filósofos gregos, pré-aristotélicos, tendo sido modificado pela visão ocidental de tempo como uma seta linear rumo ao futuro)
O tríplice mistério do “stop”
Que eu passo por e sendo ele
(O tríplice mistério do stop, seria uma referência as três fases da vida humana: nascer, crescer e morrer)
No que fica em cada um,
No que sigo o meu caminho
(Aqui muito provavelmente, se refere ao que restará em cada um de nós, no fim de nossas vidas e a sequência do caminho, a vida após a morte)
E no ar que fez e assistiu
(Referência a Deus? Que fez o ar e que nos observa o tempo todo)
Abra um parênteses, não esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro,
De um moleque do brasil
Que peço e dou esmolas,
(Agora um detalhe importante, após todas essas refências, abra um parênteses para lembrar que ele não passa de um ser humano como outro qualquer, com seus problemas, defeitos e mortalidade)
Mas ando e penso sempre com mais de um,
Por isso ninguém vê minha sacola
(Andar e pensar com mais de um cérebro, ou pensamento, mostrando que não existe apenas uma única forma de acreditar ou ver a vida e o mundo)
Composição: Luiz Galvão e Moraes Moreira
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