A rua é nóiz, mas isso não inclui você…

Os caminhos trilhados pelo rapper Emicida já apontavam para a realidade que começa a se configurar. Para a minha infelicidade, minhas previsões se confirmaram e agora foram documentadas pelo novo clipe da música ‘Zica, vai lá’. Você vai achar que eu sou um daqueles que vai dizer que ele ‘traiu o movimento’, mas não sou nenhum idiota que acha que ele deveria dar uma de franciscano e renegar a mudança do status social. Minha decepção está muito mais para a morte de um representante de um genuíno estilo de rap brasileiro. Se fosse para parecer clipe de rapper gringo, era melhor não fazer nada.

Custo acreditar que originalmente a música tenha qualquer referência ao que foi produzido no vídeo. Nem preciso me aprofundar na péssima ideia de colocar ícones da música popular, do skate e do futebol. A participação de toda a turma do Laboratório Fantasma também é outra falha na concepção do clipe. Fioti aparece mais no clipe que o próprio Emicida, tem alguma lógica nisso? Talvez a falta de genuinidade e sintonia dos produtores era tão grande que confundiram os manos, alguém deveria ter contado isso antes.

Muito diferente da ótima participação de Criolo em “Então Toma”, a participação de Kamau, Projota, Rashid e Rael da Rima foi apenas protocolo. Muito diferente do que foi produzido no The Creators Project, financiado pela Intel, a ideia da Red Bull não poderia parecer mais comercial e artificial.

É, parece que agora os ‘PLAY’ disseram: ‘Legal né…’

Infelizmente esse certamente não é o Emicida que eu aprendi a admirar como artista, não foram estas motivações que me motivaram a ouvir seus álbuns, comprar todos eles e ouvir por muito tempo. Assim como muitos outros artistas, vou continuar ouvindo Emicida, porém sem a mesma motivação e identificação.

Já era, essa afetação não costuma voltar no tempo. Talvez o dia em que rap voltar a sair de moda, afinal toda moda é cíclica. Gostaria que não fosse assim. Quem sabe se o Emicida olhasse mais para o lado, pudesse seguir o exemplo do calejado Criolo, que sabe bem o quanto o sucesso é fugaz e ingrato.

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