Histórias Cruzadas

Não é uma regra infalível, mas um filme de drama que se preocupa em fazer um bom material gráfico, geralmente é um bom filme. No caso de Histórias Cruzadas a regra tem validade, a capa do dvd saltava na prateleira e ainda que eu não tivesse nenhuma referência sobre o filme, sabia que deveria locá-lo.

Sinopse

Jackson é uma pequena cidade do estado do Mississippi, um dos estados onde o preconceito racial era muito predominante na década de 60. Skeeter (Emma Stone) é uma garota branca da alta sociedade que volta para a cidade, após seus estudos, decidida a se tornar uma escritora. Seu primeiro trabalho no pequeno jornal da cidade lhe traz esperanças para iniciar seu sonho. Para isso precisa escrever uma matéria de grande relevãncia. Ela resolve relatar o preconceito racial que predomina na alta sociedade de Jackson, porém qualquer manifestação pública de defender a igualdade racial é considerada crime no estado do Mississipi. Ela decide então entrevistar empregadas negras cuidadoras dos filhos da elite branca da qual Skeeper mesma faz parte. Com a ajuda de Aibileen Clark (Viola Davis), elas começam a relatar sozinhas, todas as atrocidades sofridas pelos negros daquele lugar. Mal sabem elas onde essa ousadia toda vai resultar.

Ficha Técnica

Título Original … The Help
Direção … Tate Taylor
Lançamento … 2012
Nacionalidade … EUA
Gênero … Drama
Duração … 137 min

Elenco

Emma Stone como Skeeter
Jessica Chastain como Celia Foote
Viola Davis como Aibileen Clark
Bryce Dallas Howard como Hilly Holbrook

Se você já assistiu o filme, pode continuar a ler o restante do post e
saber o que achei do filme e ver se compartilhamos da mesma ideia.

Spoilerando

Histórias Cruzadas é um filme simples com grandes e boas intenções. Só não se comove e se revolta aquele que nunca sofreu preconceito, seja ele de qualquer natureza. O mais triste é imaginar que não estamos falando de um passado muito distante. Imaginar que na década de 60 ainda existiam distinção entre negros e brancos é extremamente decepcionante. Ainda mais triste pensar que o racismo era legitimado. Não diferente do que acontece nos dias de hoje, o Mississippi era um estado onde predominava a existência de fazendas e pequenas cidades interioranas.

Em 1954 a Suprema Corte dos Estados Unidos da América ordenou a dessegregação de todas as instituições de ensino onde a segregação entre brancos e negros ainda existia. O Mississippi demorou mais de 10 anos para aceitar a lei imposta pela suprema corte. Em 1969, boa parte das escolas do Mississippi ainda eram segregadas, ou seja, existiam escolas separadas para crianças negras. Em Histórias Cruzadas podemos ver algumas destas ideias absurdas como o fato de negros não poderem utilizar o mesmo banheiro dos donos da casa onde trabalhavam, geralmente tendo que utilizar um banheiro distante da casa, pois imaginavam que poderiam transmitir doenças negras para os brancos.

O racismo é por si só um gesto de tanta ignorância que nada pode ser mais vergonhoso. Li uma crítica sobre o filme dizendo que apesar de ser um bom filme, era muito estereotipado. Os personagens ou eram defensores dos fracos e oprimidos ou eram racistas. Além de inverídica a opinião é equivocada. Inverídica pois a mãe de Skeeter não se demonstrou em nenhum momento ser racista, sendo que demitiu sua empregada negra apenas por uma convenção social, o que pode acontecer até os dias de hoje, sem que a motivação seja racista. Equivocada pois a intenção do filme precisa ser mostrar um mundo dividido de forma bem delineada entre negros e brancos, afinal este é o único detalhe que dividia aquela sociedade. Talvez hoje possa ser difícil entender isso de forma ampla e profunda, mas você desqualificar uma pessoa à uma subraça pela diferença na cor da pele exige necessariamente uma história contada de forma unidimensional.

Em momentos você poderia dizer que um negro era racista diante de um branco, mas era apenas a reação normal de alguém oprimido. Uma pessoa que se sente acuada possui apenas duas saídas, recuar ou reagir na mesma intensidade.

Belo filme, belas atuações, destaque para Viola Davis como a empregada Aibileen e Bryce Dallas Howard como Hilly Holbrook.

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