Todas as manhãs, pela fresta da janela da sala, vejo a mesma paisagem. Inicialmente inerte, com o céu, o sol e as nuvens, em uma espécie de plano de fundo, lhe concede novas cores e contornos.
Na repetição rotineira, olhando sempre a mesma paisagem, através da mesma janela, de forma inquietante e reveladora, hoje percebi o quanto este fato pode sintetizar nossa forma de enxergamos nossa própria vida. Somos em geral, inertes. Mudamos o corte de cabelo, o estilo das roupas, engordamos, emagrecemos, mas em geral essas mudanças alteram muito pouco da percepção de nós, afinal são graduais e consequentemente, pouco perceptíveis por nós mesmos.
Na contramão do nós, o nosso redor. Pessoas, oportunidades, perdas e ganhos, nos concedendo ainda que involuntariamente, novas cores e contornos. Pare e pense por alguns segundos nesta perspectiva, facilmente entenderá que ainda que tentamos nos manter inertes em nossos pensamentos, atitudes e convicções, nosso plano de fundo muda: constante e involuntariamente.
Esta falta de controle do externo poderia nos causar algum desespero, pela óbvia incapacidade de sua manipulação. Por outro lado, se hoje sua vida parece mais um dia nublado ou chuvoso, por outro, um grande dia ensolarado e cheio de possibilidades pode nascer amanhã, ainda que involuntariamente.
Acredite no inesperado.
Escrito por J. R. Wills
Foto: Window Sunset by ~macetool
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