Eu estou tentando gostar do filme. Na realidade do filme eu gostei, bem dirigido, os fatos reais bem reproduzidos, as caracterizações bem feitas, mas nada de diferente do que se espera de um filme de Hollywood. O que me incomoda é essa mania chata dos americanos se colocarem como os mocinhos de toda história, os grandes salvadores do planeta, o povo coerente. O filme até faz um mea culpa no início, tentando mostrar como se iniciou o ódio do Irã pelos Estados Unidos. O que basicamente é a história de todos os países do Oriente Médio. Em geral, o ódio que alimentam pelos americanos sempre tem algum fundamento, alguma origem no passado recente ou distante.
O filme faz basicamente isso, mas é tipo um ‘pra não dizer que não falei das flores’. Passado o prólogo, o estereótipo sob o povo que vive alienado pelo extremismo religioso fica evidenciado e os Estados Unidos voltam a ser os mocinhos. Tipica visão política que diz: fizeram merda, mas não foi do meu c* que saiu. Desculpe o termo grosseiro, mas é o que parece sempre.
Argo conta a história real do agente Tony Mendez, especialista de exfiltração. Como o termo sugere, exfiltrar é o contrário de infiltrar. É basicamente a iniciativa de usar táticas para retirar pessoas de um lugar ou situação de perigo, ao invés de infiltrá-las. A exfiltração não é precedida de uma infiltração, por isso esta foi a primeira ação em que Mendez teve que se infiltrar em um país, para poder retirar americanos do local. A história em si é bonita e Ben Affleck surpreendentemente está muito bem no filme, fato ajudado pelo péssimo elenco, do qual você não consegue se envolver em nenhum momento. Não sei se é intencional, para demonstrar um certo despreparo e alienação do governo americano, mas os fatos acontecem de forma muito rasa. O filme perde muito tempo em mostrar a vida pessoal de Mendez e seus conflitos com a separação da mulher e pouco consegue colocar tensão na história, que engrena bem no final e na angústia da tentativa de fuga dos americanos do Irã. De qualquer forma é interessante constatarmos, principalmente em uma história real, que no fundo, qualquer atitude positiva feita pelos Estados Unidos é na tentativa de reparar um problema que eles mesmos criaram. Em suma, os Estados Unidos vive desta ideia prática: criamos a doença e vendemos o remédio. Talvez o único problema do filme que o impede de ser bem melhor é a falta de carisma dos americanos que precisam ser resgatados. A sensação que eu fiquei foi: tanto esforço por essa gentalha? Ah não, deixa lá.
Assiste que é bom, só não seja muito moralista quanto a tentativa dos Estados Unidos criarem a imagem de bons moços. Você não irá encontrar o dvd ou bluray com a capa deste poster, mas achei fantástica a arte, muito coerente com o filme pois para mim sintetiza um detalhe importante: se esta imagem estivesse se referindo aos Estados Unidos, seria apresentado como inteligência e obstinação. Como faz parte do lado islâmico, parece alienação e extremismo religioso. Se tudo isso foi intencional no filme, então é genial. Se não foi é mais uma peça publicitária americana.
Argo é o primeiro filme que aluguei na locadora Videoteca, que tem 12 lojas em Floripa, o que é muito bacana, pois posso alugar perto de casa, perto do trampo ou ainda perto da casa da minha irmã.
Ficha Técnica
Título Original … Argo
Origem … Estados Unidos
Gênero … Suspense Dramático
Duração .. 120 min
Lançamento … 2012
Direção … Ben Affleck
Roteiro … Chris Terrio
Elenco
Ben Affleck como Tony Mendez
Bryan Cranston como Jack O’Donnell
John Goodman como John Chambers
Alan Arkin como Lester Siegel
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