Sabe estas pessoas que defendem poliamor? Que defendem a individualidade e a liberdade, como se qualquer forma de apego fosse aprisionamento?
Apesar de defenderem todas as formas de amor e a necessidade de dividir-se ao máximo, no fundo me parecem incapazes de se darem de verdade à alguém, profundamente, por inteiro. Será egoísmo ou uma dificuldade de se revelarem por completo?
Não existe nenhum erro em querer jogar sua âncora em algum lugar qualquer. Em querer aportar. Em pousar sobre algo.
A vida é sim um movimento constante, um eterno caminhar. Mas isso não significa que escolher em fazer essa caminhada ao lado de pessoas que amamos, seja uma forma de tornar a caminhada mais pesada. Basta você se certificar que as pessoas que estejam ao seu lado busquem uma proteção mútua.
Assim, pode não ser uma caminhada rápida, mas será facilmente longa. Na oposição de sentimentos apequenados, de egoísmo, de grosseria, de desamor, de posse, de inferiorização, acreditamos que o distanciamento de qualquer possibilidade de se aninhar, vira prisão. Ninho, não é gaiola.
Todos precisamos de um lugar para voltar. Independente de quão distantes sejam os caminhos quais vejam suas pegadas. Até que seja apenas como forma de medida, precisamos ter um ponto de partida, para medir o que é de fato longe. Longe do que? De quem? De onde?
Amor não é algo continuo e plural. Onde você pula de galho em galho tentando experimentar apenas o novo, o inédito. Proust sintetizou: “A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ver com novos olhos.”
O amor vem, diferente da paixão, para criar raízes, que sustentam. Não amarras, que sufoquem. Ele vem para se fazer presente nos momentos difíceis, pouco românticos, nada empolgantes.
Em um voo solo, continuo e sem direção, passamos a acreditar que qualquer pousar seja estagnação.
Pequena falha de interpretação, miopia ótica, estreitamento de nuances. Até quem pensa navegar em mar aberto, talvez não perceba que passou a vida inteira à deriva.
J. R. Wills
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